quarta-feira, 29 de maio de 2013

A "cantante" Julieta


Aqui no Brasil a gente não é muito íntimo de música que não seja a nossa ou as vindas dos países de língua inglesa. Se eu perguntar sobre música mexicana, por exemplo, a maioria das pessoas que conheço vai ter ouvido apenas aquelas cantadas pelo "Chaves" e/ou, no máximo, a trilha de abertura de alguma novela importada pelo SBT.
Se você é uma dessas pessoas, vale a pena então conhecer Julieta Venegas. (E se você não é, mas ainda não a conhece, também!). A cantora está na nossa terra divulgando o seu novo álbum, "Los Momentos".
Depois de Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, ela se apresentou ontem aqui no Rio, no Teatro Bradesco.


A música de Julieta é diferente de tudo o que a gente está acostumado. Tem outra forma, outro ritmo e por isso é tão apaixonante. Julieta é daquele tipo de artista que, quando a música cai no shuffle do Ipod, você não tem mais vontade de trocar para outro.
Mas ao vivo ela consegue ser ainda melhor! A melodia te invade, preenche o lugar e torna as composições ainda mais grandiosas. Muito disso se deve também, é claro, aos quatro excelentes músicos que a acompanham e que se revessam para tocar uma variedade enorme de instrumentos.
Sobre os instrumentos, aliás, é lindo ver Julieta tocando - entre muitas outras coisas - o acordeão! Esse não é um elemento comum na nossa música pop e, nas raras vezes que a gente vê alguém tocando, esse alguém é um homem. Mas ele é super usado música mexicana, e Julieta toca de forma super feminina e com uma graciosidade que só ela tem. 


De maneira sempre muito tímida, Julieta tem também o hábito de explicar as letras das músicas, o que aproxima o público e torna as interpretações mais bonitas. Tem carisma e simpatia de sobra, e estava muito mais solta do que a Julieta que eu vi em 2011, na sua última vinda ao Rio.
Para tornar tudo ainda melhor, a cantora mexicana contou com a participação de Marisa Monte, que a acompanhou na canção "Ilusión", gravada por elas em 2008. O público ovacionou a dupla! Foi um brilho extra para um show que já estava sendo maravilhoso.
Se você ficou curioso para conhecê-la, aproveita que vai ter outra apresentação no Teatro Bradesco Rio, hoje, às 21h. Depois disso, Julieta se apresenta em Belo Horizonte, no dia 31, e em Recife, no próximo dia primeiro.


domingo, 26 de maio de 2013

Tudo para ir ao Teatro!


Não me lembrava da última vez que tinha achado uma adaptação de livro tão boa quanto a obra original.
Até ontem!
Fui ao Teatro Clara Nunes, no Rio, assistir o musical Tudo por um PopStar - peça baseada no livro homônimo de Thalita Rebouças - e fiquei maravilhada! Nem sei por onde começar a elogiar. 
O elenco é impecável e não consigo pensar em como poderiam interpretar melhor os personagens. Todas as peculiaridades e nuances de personalidade e comportamento descritos por Thalita no livro estão lá, sobre o palco. Se eu tivesse que destacar alguém... Bom, simplesmente não conseguiria. Os atores estão tão sincronizados que é quase impossível avaliá-los individualmente.
Thati Lopes, Jullie e Larissa Bougleux - as protagonistas Gabi, Manu e Ritinha, respectivamente - cantam, atuam e falam quase sempre ao mesmo tempo, e é isso que deixa o espetáculo tão natural. Thais Belchior dá brilho especial a Bebete, mas fica ainda mais engraçada na companhia de Igor Pontes, como o superdescolado Davi. O mesmo Igor também faz companhia ao Christian Villegas e ao Raphael Rossato, formando o trio "divo" dos Slava Body Disco Disco Boys.
O repertório musical talvez seja o segredo de tanto sucesso. Lulu Santos, One Direction, Sandy & Junior, Bruno Mars, Rihanna, Madonna, Elton John, Jason Mraz, Raul Seixas... E muito, muito mais! Tem para todos os gostos. E isso explica porque, mesmo sendo para o público infanto-juvenil, a montagem reúna gente de todas as idades rindo na plateia.
O cenário é simples, a produção é simples, o elenco é pequeno e o teatro também. A única coisa que Tudo por um PopStar tem demais é talento. E é a única coisa que eles precisam. É muito bom ver essa galera tão nova fazendo um trabalho tão legal. Merecem todo o prestígio!
Se eu fosse você, ia lá tirar a prova!


segunda-feira, 13 de maio de 2013

A apocalíptica Fernanda Young


"A conclusão é: todos têm o mundo aos seus pés. Têm. 

Pisa-se e no que se pisa é mundo.

 Poucos, sim, são os que têm essa noção; os poucos que poderão se tornar eternos."


São essas as três primeiras frases de As pessoas dos livros. Três frases que me custaram menos de 10 segundos de leitura, é verdade, mas que me deram a certeza de que valia a pena escrever sobre o livro.
O motivo é simples: primeiro porque essa é uma citação para ler, reler, compartilhar, tatuar. Segundo, porque explica, de forma rápida, a escritora ímpar que é Fernanda Young. Afinal, quem mais começa um livro com a conclusão?
As outras páginas não deixam a desejar. A história descreve os dilemas da histérica escritora Amanda Ayd, que tem dificuldade em terminar seu novo livro, já que o anterior foi negado pela editora.
Em todo o texto, o narrador é onisciente (misturam-se primeira e terceira pessoa do singular), o que dá um tom de conflito psicológico à história. É quase metalinguístico e tem, assumidamente, um toque autobiográfico.
Esses elementos dão vida a uma narrativa intensa, tensa, louca. A gente lê ofegante, tentando acompanhar o ritmo.
O final é apocalíptico, e espero que, contanto isso, não tenha estragado a surpresa de ninguém. Até porque não dá para esperar nada de outro gênero de Fernanda.
Talvez você não tenha tido contato com os seus livros, mas certamente ouviu falar dos seus títulos para a TV. Entre os roteiros mais recentes, estão o talkshow Confissões do Apocalipse (do GNT) e o seriado Como aproveitar o fim do mundo (da Rede Globo), ambos de tema trágico, embora envoltos em uma abordagem cômica.
O livro é de 2000, mas foi reeditado em 2011 pela Rocco, então é fácil de encontrar. Para quem gosta de realidade disfarçada de romance (ou romance disfarçado de realidade?) é uma ótima opção.
Uma coisa eu posso garantir: é sobre as pessoas dos livros, mas podia ser sobre muita gente que cerca você.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Maitê e a cabra


Maitê Proença lançou ontem, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, seu livro É duro ser cabra na Etiópia. Resolvi ir lá conferir se a escritora tem mesmo o bom humor que propõe em seu título.
E ela tem!
Maitê era só sorrisos desde a hora que chegou - pontualmente às 19h - até o final da sessão de autógrafos, que durou até às 23:30h, aproximadamente. Durante toda a noite, fez piadas sobre precisar vender livros para ganhar dinheiro, e pediu para que todos os fãs e convidados mostrassem a capa enquanto tiravam fotos com ela.
E sobre o livro... O que dizer? Não há nada parecido no mercado editorial atual. O processo de criação foi extremamente peculiar, o que o tornaria interessante mesmo que o seu conteúdo não fosse. Maitê criou um site para reunir textos de qualquer pessoa que quisesse participar, nas palavras dela, "da brincadeira". As restrições eram poucas: conter comicidade e ter, no máximo, 1.500 caracteres. Dos 1.622 enviados, a escritora selecionou 169 e reuniu no livro.
O resultado é brilhante. Além de graficamente lindo (e imprevisível!), é um livro que faz você faz você querer saber o que tem na outra página. Os textos são rapidinhos e os temas entrelaçados por citações genialmente feitas por Maitê.
O nível dos escritores desconhecidos é alto, mas não impede que a gente perceba quando o texto é assinado por ela ou por um de seus ilustres convidados, como Carlos Heitor Cony.
Além disso, não sei se eu diria que comicidade é, de fato, o que eles tem em comum. São todos intrigantes, ou curiosos, talvez. Mas cômico é um conceito muito pessoal.
Ainda assim, por todos os detalhes tão únicos, é um livro que vale a pena ler. E, posto isso, deixo que você descubra a explicação do título nas palavras da autora, ali, logo na introdução. Afinal, ninguém sabe tão bem quão duro é ser cabra na Etiópia senão a própria Maitê.


sábado, 4 de maio de 2013

104 minutos com Renato Russo


Fui ao cinema assistir Somos tão jovens apenas com aquilo que eu já sabia sobre o Renato Russo: a sua importância para o cenário do rock e para a história do Brasil, o seu passado no Aborto Elétrico, o nome dos seus companheiros de Legião Urbana, os títulos dos seus grandes sucessos e, de brinde, a letra completa de Eduardo e Mônica.
Ou seja, não muito mais do que sabem todos aqueles que, assim como eu, não são da Geração Coca-Cola e escutam o cantor sem ter se aprofundado na sua história. Deixei, de propósito, a pesquisa para depois. Queria saber até onde o filme contava.
Fiquei feliz de ter sido surpreendida com uma infinidade de informações.
O diretor Antonio Carlos da Fontoura foi genial na abordagem que escolheu. A vida pessoal do cantor é pano de fundo na narrativa. Só ganha destaque quando é importante para justificar suas composições e escolhas profissionais.
Embora seja uma obra ficcional livremente inspirada na biografia do cantor, tem tom próximo ao documental. Nesse aspecto, a brilhante atuação de Thiago Mendonça ajuda muito. Por vários momentos, a gente quase esquece que está vendo um ator e não o próprio Renato (o que é duas vezes incrível, se você lembrar que ele já foi também Luciano, no filme Dois filhos de Francisco).
Aliás, todo elenco merece destaque, inclusive as pequenas participações, como a de Ibsen Perucci - como Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial -, e a de Bianca Comparato - como Carmem, irmã de Renato.
O filme é para rir, chorar e se informar. Tudo ao mesmo tempo. E carrega em si, mesmo sem ter essa intenção, uma mensagem muito positiva para a juventude de hoje.
Talvez por ser tão bom, tenha me deixado com a sensação de que acabou cedo demais. A última informação que aparece na tela é de 1985, data de lançamento do primeiro disco da Legião. Falta uma década de história que, como a gente sabe, é tão incrível quanto o início dela. 
A porta está aberta para um novo filme.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Thalita para todas as idades


Eu leio Thalita Rebouças desde sempre. Desde sempre mesmo, porque são ela e Annie Piagett Müller (autora da série A Turma do Meet) as culpadas pela minha paixão pelos livros. Li alguns dos seus títulos e nunca mais quis parar. Mas isso tem o que? 6, 7 anos? 
O fato é que, antigamente, lia os livros da Thalita e me sentia parte deles. Lia para me identificar, quase para me olhar no espelho. Hoje leio (e vou continuar lendo) com outro sentimento. Dá nostalgia, saudade, vontade de voltar no tempo e sentir tudo o que senti quando a li pela primeira vez. É que, agora, aparentemente, não sou mais infanto-juvenil.
É por isso que, quando a escritora lançou o Adultos sem filtro e outras crônicas, corri para comprar o meu. Tá certo, isso foi há meses, mas confesso que só agora tive tempo de ler.
E que felicidade! Lá estava eu, outra vez, conseguindo me imaginar naqueles cenários. Ou, pelo menos, imaginar alguém que eu conheço neles. Afinal, quem nunca conviveu com um hipocondríaco, não é mesmo?
O livro todo é delicioso. A leitura é fácil e divertida. Eu não precisei nem de marcador. Comecei e, quando vi, já estava no final. Conhecia vários textos da plataforma original, o blog da autora no site da Veja Rio, mas foi um prazer ler outra vez. O título fala em adultos, mas vale para todas as idades.
De tudo, destaco a parte Eu, escritora - uma das dez divisões de tema do livro -, com ênfase na crônica Parece que foi ontem. Quem não conhece Thalita muito bem, tem a chance de sentir o brilhante caminho que percorreu e entender o porquê dela ter se tornado tão importante para a literatura brasileira. E a gente, fã, se sente verdadeiramente parte do enredo. Dá um orgulho enorme da nossa escritora!
Fiquei refletindo sobre isso e achei que estava fazendo uma avaliação "tiete" demais. Foi quando eu entrei no ônibus na volta para casa e vi uma menina lendo as últimas páginas do livro com um grande sorriso no rosto. 
Não tive mais dúvidas. Pode até ser "tietagem", mas sei que muitos se sentem como eu.


quarta-feira, 1 de maio de 2013

O simpático, porém desastrado, Rodrigo Hilbert


Faz quase um mês hoje, foi ao ar pela primeira vez, Tempero de Família, programa culinário estrelado por Rodrigo Hilbert, no GNT. Eu, infelizmente, perdi os três primeiros episódios, mas quando o quarto foi ao ar, grudei na frente da TV para conferir o que o loiro tinha a oferecer. E gostei!
O programa é adorável, porque o apresentador, por si só, já é. É intimista e aconchegante, daquele jeito que faz você sentir o clima mesmo estando do outro lado da TV. Tem tom de improviso/descontração, que, na verdade, não é muito diferente do Diário do Olivier ou do importado Jamie Oliver, mas  funciona. Embora, é claro, Rodrigo não seja tão íntimo da cozinha quanto os outros dois concorrentes do canal são.
No entanto, em tempos de "politicamente correto", me surpreende que três cenas tenham feito parte do "Cozido e Pudim de Leite", episódio do último dia 25.
A primeira cena é a que Rodrigo deixa a panela de pressão sobre o fogo aceso e sai para tomar vinho com um primo num lugar que parece ser distante. Tudo bem, não é um erro assim tão grave se considerarmos que, por trás das câmeras, tem uma produção que não deixaria a panela explodir. Mas, mesmo assim, não acho que seja uma narrativa legal de construir na TV.
O pior acontece na volta. Depois de tomar alguns (para não dizer vários) copos de vinho, ele retorna a casa dirigindo! Lei Seca nem pensar. Aposto que se o cenário fosse as ruas do Rio, não ia pegar tão bem assim. Mas, até onde eu sei,  misturar álcool e direção é perigoso mesmo no interior de Santa Catarina.
O último furo acontece em um momento tão fofo que dá até pena de criticar. Os encantadores João e Francisco, de apenas 5 anos, oferecem ajuda ao pai que, prontamente, providencia facas (sim, facas!) para os pequenos ajudarem a cortar o tempero. Os três batem as facas com tanta euforia que, eu podia jurar, alguém ia se cortar. Mas, por sorte, ninguém terminou ferido. Ufa!